Casa Daros: passado, presente e futuro
Dia 23 de março de 2013, após uma cuidadosa e monumental obra de restauro e reforma do prédio construído em 1866, em Botafogo, Rio de Janeiro, foi reaberta a Casa Daros – Instituição da Daros Latinomericana, uma das mais abrangentes coleções dedicadas à arte contemporânea latino-americana, com sede em Zurique, Suíça.
Criada em 2000, a coleção Daros Latinomerica reúne um acervo de mais de 1.100 obras, de 116 artistas nascidos ou que trabalham em países da América Latina.
A Casa Daros irá apresentar ao público exposições, sempre acompanhadas de atividades integradas de arte, educação e comunicação, como oficinas, cursos, seminários e programação audiovisual.
O local foi escolhido em 2006 para guardar o acervo que possui 1.200 trabalhos, de 117 artistas. Uma herança protegida pela suíça e que agora ganha uma nova casa no circuito cultural do Rio, exatamente no momento em que a cidade possui um crescente público, assim como uma produção artistica que está florescendo como nunca. A Casa Daros representa um espaço de exposição ultra-moderno (os organizadores estão evitando o termo “espaço cultural” ou “museu” para descrever o local), que não ficaria de fora de lugares como Nova York e Londres.
A ideia principal do projeto, com curadoria de Hans-Michael Herzog, foi criar um espaço para o povo da América Latina capaz de gerar comunicação e debates sobre as artes, em que ao mesmo tempo também forneça uma plataforma para discussão para os próprios artistas. Estes, que por sua vez, muitas vezes não são conhecidos além das fronteiras de seus países de origem. A Casa Daros também oferece oficinas e cursos envolvendo os artistas que serão regularmente alinhados com as exposições em exibição.
Desenhado pelo arquiteto Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912), o prédio, que pertencia à Santa Casa de Misericórdia e originalmente destinado à educação das órfãs abandonadas, foi comprado pela Daros Latinamerica em 2006, é de 11.000 metros quadrados nos dois andares, e o piso superior abriga inúmeras salas expositivas interligadas. Lindamente restaurada, as enormes linhas das persianas de madeira da janela no corredor são realmente impressionantes. O projeto de arquitetura da Casa Daros foi desenvolvido inicialmente por Paulo Mendes da Rocha, e, a partir de 2008, pelo escritório Ernani Freire Arquitetos Associados.
O andar de baixo é um ambiente brilhante, com uma loja bem equipada dedicado à livros de arte, posters e acessórios (muitos dos quais são destinados a crianças) e o “Mira!” restaurante regido pela mesma equipe do hit local Oui Oui, que confortavelmente transcende os cafés “abaixo da média” que normalmente são oferecidos em muitos centros de cultura da cidade. O local também possui um grande ateliê onde abrigará oficinas e sessões familiares de criatividade aos fins de semana, com um auditório com foco em exibição de filmes e debates.
A revitalização do prédio foi complexa e exigiu considerável esforço e dedicação, pois foi necessário restaurar janelas, portas, pisos, paredes e telhados, além de garantir as condições adequadas para seu novo uso e, ainda, manter o princípio da reversibilidade, fundamental em prédios protegidos pelo patrimônio. Tombado em 1987 pela cidade do Rio de Janeiro, a edificação Casa Daros teve sua obra acompanhada por diversos órgão municipais, com destaque para a Subsecretaria do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design e a Secretaria de Urbanismo.
A história do edifício neoclássico remonta a 1819, quando a enorme chácara em Botafogo foi doada à Santa Casa da Misericórdia, que se manteve dona da propriedade até sua venda em 2006.
A irmandade foi fundada em Portugal, em 1498, antes de qualquer desconfiança da existência de um lugar chamado Brasil. Por volta de 1582, desembarcou nestas terras. E foi pelas mãos do Padre José de Anchieta, um dos jesuítas mais importantes do Brasil, que criou a Santa Casa do Rio de Janeiro, no sopé do antigo Morro do Castelo (que não existe mais). Foi a partir daquele morro que se deu o povoamento do Rio. A Santa Casa viu a cidade crescer e cresceu junto. Com o inchamento urbano, suas instituições precisavam de mais espaço e novos endereços. E o Recolhimento das Órfãs, depois de certa peregrinação, acabou se instalando na Rua General Severiano, 159 ou como era chamada: Rua do Hospício Pedro II, onde, não por acaso, ficava o tal hospício.
O edifício, depois de abrigar, no século XIX, o Recolhimento de Santa Teresa, e no século XX sediou o Educandário de Santa Teresa, foi usado para comportar a Faculdade de Medicina. Há quarenta anos, o prédio foi arrendado pelo Colégio Anglo-Americano, que o ocupou durante anos. Vendido a um grupo internacional sediado em Zurique, Suíça, recentemente reúne a maior coleção de arte latinoamericana da Europa.
Casa Daros, uma instituição privada, museu de arte de que o bairro precisava. Um prédio que pretende ser uma plataforma de encontro, reflexão e diálogo sobre a atualidade sócio cultural e artística da América Latina, integrando arte, educação e comunicação. Outro objetivo da instituição é acompanhar e promover a produção artística latino-americana, através de exposições, oficinas, residência de artistas, fóruns, seminários, dentre outras atividades. O prédio abriga ainda, um auditório e biblioteca, em um espaço de discussão independente, aberto a todas as formas de pensamento.
É tombado pela Municipalidade.
O diretor artístico e curador da coleção Daros Latinamerica é Hans-Michael Herzog, e a Casa Daros tem como diretora-geral Isabella Rosado Nunes, e diretor de arte e educação Eugenio Valdés Figueroa.
Serviço: Casa Daros – Inauguração
23 de março de 2013
Casa Daros
Rua General Severiano, 159, Botafogo
Telefone: +55 21 2275 0246
http://www.daros-latinamerica.net
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A Casa Daros é maravilhosa. Construída em 1866 aqui em Botafogo.
Arquitetura mantida com a reforma de excelente bom gosto.
Fiquei encantada ali dentro. A amplitude nos dá uma incrível sensação de liberdade.
A outra sensação, é de estar fora do mundo em que vivemos.
Jardins, restaurante, biblioteca e tudo mais merece uma visita.
Fica a dica.
Daisy
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