Mosteiro de Santa Catalina – divina surpresa!
Como todos nossos leitores sabem, a a‘me arquitetura nunca para! Em maio desse ano fiz uma viagem linda ao Peru. Já faz muito tempo eu queria conhecer a terra dos Incas, Machu Piccu, Cuzco, Lago Titicaca e as belíssimas montanhas, que de tão altas me fizeram ficar quase sem fôlego. Fui com uma amiga, planejamos esta aventura apenas 2 semanas antes, e fomos. No decorrer da viagem, sempre acontecem imprevistos e graças a essa mudança inesperada, conheci uma cidade que nem o nome eu sabia – Arequipa. E lá descobri um lugar incrível, cheio de graça e historia, o Mosteiro de Santa Catalina.
Nao sou muito de visitar mosteiros… Sempre achava esses lugares, apesar da energia tranquilizante, meio tristes, sombrios e parados no tempo. Por isso, quando a minha amiga deu sugestão de visitar esse mosteiro, que ocupa 2 quarteirões, fiz a cara de sofrimento mas fui.
Compramos o nosso ingresso de entrada, passamos pela porta e… que surpresa – não era nada daquilo! Até pensei que havia errado a porta de entrada! Ao ingressar no Mosteiro, dei de cara com esse patio (foto acima) , uma exuberância de cores vivas, flores e arvores, repleto de luz, quase um brilho sobrenatural. Desde o inicio esse incrível mosteiro transmite uma alegria a paz ao mesmo tempo. Passo a passo conhecendo o templo das freiras e a historia do lugar, voce fica mais apaixonado e interessado em conhecer cada ambiente!
Fundado em 10 de setembro de 1579, graças a doação dos bens de dona Maria de Guzmán, viúva de dom Diego Hernández de Mendoza, e primeira reitora do monastério, com o nome de Ana Maria de Jesus. Neste monastério ingressavam as filhas das mais distintas famílias da cidade, que podiam cumprir a exigência do dote de mil pesos (não foi nem um pouco barato naquela epoca!) de prata e cem pesos mensais para alimentos. Em meados do seculo XVIII o Mosteiro se compunha de cinqüenta e sete religiosas de véu negro, dezoito de véu branco, cinqüenta e uma beneficentes e duzentas donzelas de serviço.
Santa Catalina foi construído em Arequipa, cidade fundada em 1540 em um local especialmente escolhido por sua beleza natural e clima bom, e com um material de construção único: sillar, uma pedra porosa branca de lava vulcânica, fazendo de Arequipa um centro colonial da identidade marcante e única.
Não se tem uma idéia certa de quando o Mosteiro foi construído como uma cidade (porque realmente parece uma cidade!!), mas se argumenta que foi por causa dos terremotos que o destruíram quase que completamente no ano 1600, com a erupção do vulcão Huaynaputina, e posteriormente com o terremoto de Santa Úrsula (1687), a partir dos quais os pais das religiosas teriam tido que dar dinheiro para os ambientes de vida de suas filhas, e mandaram reconstruir o convento ambiente por ambiente. No tempo do apogeu, a maior população neste convento eram cerca de 500 mulheres, das quais apenas 180 eram religiosas (o resto eram as donzelas que serviam as religiosas, as meninas que viviam ali como educandas como em um internado e as refugiadas que se permitiam no convento por direito de asilo). Os habitantes de Arequipa não tinham nenhuma idéia de que se passou entre as paredes altas do complexo. Havia muitos os rumores e contos circulando entre as pessoas. O Convento de Santa Catarina se envolveu em um velo de mistério e silencio até 1970 em que uma parte grande do convento abriu suas portas para o público
Ainda vivem monges mulheres (não cheguei a ver) na área do norte do complexo. Tudo foi renovado para poder oferecer um melhor atrativo ao público. As pequenas ruas e quadrados estão cheios de flores coloridos e as paredes são pintadas em tintas de cores vivas. Os becos estreitos levam as diversas partes do convento, que atravessam por sítios pitorescos e espaços de estar e dormir com os móveis originais.
Alguns visitantes permanecem todo o dia e revivem a vida estabilizada, quase imóvel, mas dentro do convento. Caminham pelas ruas internas e se perdem no caminho do tempo. No meu caso, infelizmente foram so quatro horas de incursão, pois chegamos a tarde e no dia seguinte de manhã partimos partir para o Lago Titicaca. Este convento se situa na rua do mesmo nome e perto da Praça de Armas. Tem uma área de 20.426 m2 e ocupa atualmente 2 quarteiroes.
O mosteiro ocupava originalmente um terreno de 20.000 metros quadrados. O encanto desta cidadela reside na solidez e plasticidade de seus volumes, e a beleza que mestres e alarifes lograram na arquitetura desses recintos mediante soluções arizantes como os pilares ou a construção de arcas assentadas sobre pilares.
Nos interiores, as cúpulas e as cobertas de abóbodas amplia, consideravelmente o espaço e aumentam a sensação de fortaleza dos edifícios. Percebe-se assim mesmo, sobre tudo na zona dos becos, a intervenção de pedreiros que, carentes de um desenho propriamente arquitetônico, foram levantando muros, telhados, células, pátios e capa fáceis de planejamento.
Desde o exterior se aprecia como a mesma arquitetura tem marcado uma pequena divisão entre o mundo do convento e o exterior. Um amplo muro de silhares rodeia a cidadela.O atual edifício conserva esplendidas peças de arte, como um altar barroco de madeira talhada e dourada, de um corpo e três ruas, que adorna capela, e varias pinturas da Escola cusquena. Tudo foi renovado na restauração promovida por um grupo de empresários e arquitetos de Arequipa em 1970: as ruazinhas e praças estão cheias de flores e as paredes foram pintadas resgatando as cores originais, os afrescos foram limpos, as celas foram arrumadas com os móveis originais, celas ganharam nomes de monjas e ruas principais ganharam nomes de cidade da Espanha.
Seu estilo arquitetônico é, principalmente, o colonial, mas de natureza mestiça. Estilo arquitetônico colonial andino. Diferente de outras heranças coloniais nesta parte da América Latina, em Santa Catalina especialmente, a fusão de elementos espanhóis e nativos pode ser observada com muita clareza. O material de construção do Mosteiro também, igual ao da Cidade de Arequipa, é a rocha sillar, porosa pedra de lava vulcânica com a qual foi possível construir formas arquitetônicas próprias, com espaços e proporções de estética de grande valor, esculpir fachadas imponentes e finos detalhes decorativos.
Posso dizer que esse desvio do plano original de viagem valeu, e muito, a pena! Se não estivesse o Lago Titicaca para visitar no dia seguinte (que foi meu sonho desde adolescência!!!), certamente ficaria mais uma dia na cidade e no Mosteiro. Recomendo a todos que visitam o Peru a incluir no seu trajeto de viagem!
Paz, amor e tranquilidade a todos!
Por Elena Korpusenko
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