Japão na Casa Cor 2016
Um ambiente pensado nos mínimos detalhes, é essa a primeira impressão que tive ao entrar na Unidade Shoji 04, ambiente do escritório carioca Yamagata Arquitetura na Casa Cor São Paulo 2016. Como já conhecia a Paloma Yamagata, uma dos três profissionais que são sócios no escritório, sabia da ligação da arquiteta com a cultura japonesa! Mas na Casa Cor, o coletivo tira partido de um Japão sem folclores para abordar questões elementares do lifestyle contemporâneo no caos da metrópole. E ficou delicado, e muito bonito!
Com 12 anos de riscado, o escritório Yamagata Arquitetura acaba de entrar em novíssima fase. Para marcar a abertura da filial paulistana da grife e a adesão de dois associados (o designer de interiores Bruno Rangel – um dos vertices da trajetória de sucesso da marca – e o consultor de estilo Aldi Flosi), a sócia-fundadora Paloma Yamagata, veterana das edições cariocas da Casa Cor (com quatro participações no currículo que lhe renderam dois prêmios), apresenta uma proposta autêntica e original que conecta suas próprias raízes a alguns dos fundamentos mais elementares da arquitetura urbana: otimização de espaço, sustentabilidade, ergonomia e poesia.
Enquanto a vida nas megalópoles atravessa tempos coléricos, o trio encapsula conceitos como paz, calmaria, design e ergonomia neste ambiente urbano, atemporal e com forte influência nipônica. Assim, a unidade batizada de “Shoji 04” se desenvolve em 84 metros quadrados que remetem aos pequenos e aconchegantes espaços do Japão, mas sem floclores étnicos: a caixa poderia estar inserida em qualquer cidade cosmopolita, na Ásia, na Europa, na África, na Oceania ou nas Américas. Na prática, um grande volume de madeira absorve cozinha, banheiro e quarto, organiza o projeto espacialmente e deixa a luz entrar generosamente, em conexão com os preceitos de sustentabilidade e conexão com a natureza. O mesmo volume parece repousar delicadamente paralelo a uma grande galeria onde se distribuem as áreas sociais de estar e jantar.
A delicadeza da arquitetura japonesa e os painéis de shoji, usados para setorizar e dividir as áreas nas casas orientais, foram algumas das referências para a formatação deste volume. A filosofia estética oriental do Wabisabi, onde a beleza das imperfeições é altamente valorizada, também estão presentes neste oásis metropolitano que tem a paciência do branco como cor predominante nas lajes de concreto, elementos industriais e paredes patinadas pela ação do tempo.
A marcenaria (uma das principais assinaturas da Yamagata Arquitetura) é tradicional, feita com caixotes estilizados e alinhada à distribuição informal do mobiliário, imprimindo uma atmosfera elegante que garante mistura inusitada e reforça o conceito nipo-industrial. Um mix de temperaturas, texturas e percepções: madeira clara, ladrilho hidráulico, mármore e metal. A curadoria de arte traz a assinatura de Alessandro Sartore, reunindo obras de artistas com prestígio universal, alma e RG carioca. Mas, de novo, sem aparthaids geográficos, olhando para a casa contemporânea de uma forma muito mais zen, que interpreta no espaço doméstico uma narrativa moderna de valores ancestrais.
Sobre o Yamagata Arquitetura
Nas pranchetas do estúdio Yamagata Arquitetura, transpor fronteiras é algo tão natural quanto os traços firmes que saltam de seus croquis para se materializar em projetos de grande expressão. Tem sido assim há 12 anos, desde que o escritório despontou em Niterói para se tornar um teaser quase instantâneo de residenciais, corporativos e empreendimentos para grandes construtoras. Em novíssima fase, o escritório-boutique incorpora dois sócios: o designer de interiores Bruno Rangel, que atuou com a própria Paloma, ajudou a consolidar a marca entre 2004 e 2007, e retornou em 2012; e Aldi Flosi, consultor de estilo, curador e set designer conhecido por produções memoráveis em revistas como AD, Casa Vogue e Casa Cláudia. Do conceito à entrega, todos participam intrinsecamente de todas as fases, mas cada um foca naquilo que faz de melhor: Paloma na Arquitetura, Bruno nos Interiores e Aldi na Finalização – em síntese simplista.
Sobre a Casa Cor SP
Período: 17 de Maio a 10 de Julho de 2015
Local: Jockey Club de São Paulo
Av. Lineu de Paula Machado, 1.173, Cidade Jardim – São Paulo – SP
Horário de Funcionamento
Terça a Sábado das 12h às 21h00.
Domingos e Feriados das 12h às 21h30.
INGRESSO
Os preços variam de R$26 a R$150, confira a lista completa no site;
www.casacor.com.br
Arigatô,
Aline Araujo
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