Disneyland L.A. por Walt Disney
Que Walt Disney era um genio, todos sabem!!! Mas ter um conhecimento mais a fundo da história deste homem persistente, focado e que parecia fazer acontecer o impossível, é ainda mais encantador! Walt esteve presente neste mundo durante, basicamente, a primeira parte do século XX, e ainda assim conseguiu proporcionar um avanço no design que ninguém havia feito até então!!! Sempre fui fã da indústria Disney, e desde que minha filha nasceu – tenho uma princesa Manuela em casa – fiquei ainda mais próxima dessa influencia Disney, acredito ser para sempre, geração pós geração. Sendo assim, não basta visitar os parques, viajar em seus cruzeiros, assistir mil vezes Frozen, Branca de Neve ou Carros… O espírito Disney me envolveu de tal maneira que eu quis saber como havia sido a vida deste homem incrível!! Como adoro biografias, achei a escrita por Neal Gabler, “Walt Disney – O triunfo da imaginação americana”. Lendo o livro percebi que Walt, ao longo da vida, e pela sua obstinação e perfeccionismo, incorporou inúmeras profissões, entre elas designer, arquiteto e urbanista. Fiquei ainda mais fã do seu trabalho, e #aloka, adoraria poder ter convivido com ele!!! Seria um aprendizado e tanto… Nostalgia pura!!
A DisneyLand foi criada a partir de uma necessidade de Walt Disney de criar um mundo a parte, um mundo só dele e onde ele poderia ter o controle de tudo. Walt consultou arquitetos, aprendeu a setorizar, criou uma equipe de trabalho para colocar suas idéias e aspirações em um plano arquitetonico. Seria um mundo idealizado, onde os desejos prevalecem, quase uma materialização de uma vontade platonica. Ele, literalmente, fez os seus próprios sonhos se realizarem.
Então!! O que a Disney tem a ver com um site de arquitetura??? TU-DO!!! Voces vão ver agora!
Organizei algumas das curiosidades da Disneyland de Los Angeles, a partir da idéia, passando pelo projeto, execução, enfim… E uma história muito interessante, principalmente para quem gosta de visitar os parques, para entender melhor o próprio passeio!!! Leeeet´s go!
A idéia!
Walt Disney tinha duas filhas, e as levava para parques nas cidades que morava ou visitava. No entanto, Walt sentia falta de que os parques tivessem algum entretenimento para os pais das crianças, e que fossem mais limpos e menos barulhentos. Estas necessidades vividas por Walt foram incorporadas ao plano de ação Disney. Um outro motivo para que Walt pensasse no parque foi a aquisição de uma réplica em escala menor, mas onde Walt poderia sentar sobre, de um trem e uma ferrovia, que havia sido feita nos jardins de sua prórpia casa, na Califórnia. O tamanho do trem era de 1/9 do tamanho original e Walt fez, inclusive, um túnel por onde o trem passaria. E assim surgiu a ideia de colocar uma ferrovia na Disneyland.
A Disneyland seria um lugar onde alguém jamais pensaria que pudesse existir. Seria um lugar completamente inventado, Walt pegou emprestado do cinema todo o objetivo para a construção do parque. Seria uma realidade refinada e idealizada de Hollywood, um gigantesco cenário cinematográfico. A inspiração foram imagens americanas típicas, formando as cenas que os visitantes veriam ao visitar o parque. Walt queria que as pessoas se sentissem em determinada época ao passar por um dos ambientes idealizados.
As influencias…
Embora fosse um lugar jamais visto, Walt tinha suas influencias, claro… Primeiramente, a entrada do parque seria quase uma réplica da cidade onde passou parte de sua infancia, Marceline em Missouri e Kansas City, um pouco mais tarde. A rua principal teria réplicas de estações de trem, cavalos e charretes, grupamento de bombeiros, delegacia de polícia e até mesmo uma homenagem ao pai de Walt, Elias Disney, com uma esquadria com o nome de Elias e abaixo, escrito: construtor – que foi a ultima profissão que exerceu.
Ainda listando as infuencias, Walt se inspirou também nos paradisíacos jardins europeus, como o Tivoli (será que foi por isso que deram este nome ao parque de diversões que havia na Lagoa, RJ?); exposições e feiras da época como o Século do Progresso em Chicago, em 1933; Feira Ferroviária também em Chicago e até a Feira Mundial de NY, em 1939. E, para finalizar, a própria arquitetura da Califórnia, considerada fantástica, eclética e cinematograficamente influenciada também por Hollywood.
O planejamento!
A primeira providencia que Walt pensou, ainda em planejamento, foi um grande e alto muro para circundar todo o parque, bloqueando a paisagem vizinha e mantendo o mundo real distante. A Disneyland foi desenhada para oferecer aos seus visitantes uma experiencia psicológica nunca antes vista em qualquer outro parque de diversões. Walt Disney era o provedor do conforto, queria que o seu parque oferecesse controle e ordem. John Hench, um dos desenhistas disse que a Disneyland havia sido projetada com os mesmos tipos de círculos e curvas que as de Mickey Mouse, provendo o mesmo efeito agradável que a imagem do ratinho proporcionava.
Tudo seria harmonioso, suave, e não ameaçador. O que acabou por tornar a Disneyland uma das mais reais experiencias que se pode ter de “arquitetura da confiança”, onde se tem uma sensação verdadeira de “uma ordem que governa a disposição das coisas”. O perfeccionismo de Walt Disney se incorporou ao seu parque de diversões e se tornou a base da existencia e o atrativo da Disneyland. Pode-se perceber que o mapa da Disneyland da Califórnia é um reflexo do mapa da vida do seu criador, porque planejando o parque com uma Rua Principal, que leva ao Castelo da Bela Adormecida (o Castelo atrai o visitante para dentro do parque pela sua imponencia), e dá acesso as demais terras (Terra da Fantasia, Terra da Aventura, Terra da Fronteira e Terra do Amanha). Foi a idealização da experiencia do usuário.
O terreno!
Walt Disney pediu que Harrison “Buzz” Price (Buzzlightyear… será esta a inspiração?), do Instituto de Pesquisa Stanford, fizesse uma análise de lugares em que a Disneyland pudesse ser implantada, dizendo a Price que precisaria de 100 acres (405.000 m²). Em agosto de 1953, Price disse em seu relatório que Los Angeles estava crescendo completamente descentralizada, e que a maior taxa de crescimento seria de Orange County, ao sul. E também parecia ter menos chuvas, menos umidade e com temperaturas mais equilibradas que as demais áreas analisadas. Sendo assim encontraram um terreno com 160 acres (uns 650.00 m²) em Anaheim. O terreno custou, na época, US$ 879 mil, e toda a DisneyLand teve o custo de US$ 5,25 milhões, dinheiro vindo primeiramente do bolso de Walt Disney e, após acordo com a rede de televisão ABC onde haveria uma programação Disney no recém lançado mundo televisivo (estamos falando de 1953!). Walt dizia que a ABC queria um programa de tv e acabou comprando um parque.
O projeto!!!
Em setembro de 1953, assim que o terreno de Anaheim foi comprado, Walt pediu a Marc Davis (animador de cinema, desenhava os filmes Disney) que desenhasse os planos para um parque muito maior que o pensado, e a cada tres dias, Davis apresentava um plano até que plantas, maquetes e desenhos em escala abarrotavam os estúdios Disney. E cada vez que Walt via os desenhos e modificava pequenas coisas, dizia: “O que vai fazer da Disneyland ser diferente é o detalhe. Se perdermos o detalhe, perderemos tudo.”
Para desenhar o parque, Walt Disney havia consultado dois arquitetos da Califórnia. Mas como os projetos eram completamente diferentes do que imaginava, decidiu recrutar uma equipe de animação do Walt Disney Estúdios, que deu o nome de “Imaginadores” – atualmente, no canal Disney Junior tem um programa com este nome 😉 – um reconhecimento da habilidade e imaginação do seu pessoal para desenhar um parque que seria um grande cenário, ou um grupo de cenários dos filmes Disney. E a ordem de Walt era que as pessoas pudessem passar pelas cenas dos filmes fisicamente, tendo a sensação dos filmes Disney de que as histórias se resolveriam em uma temática em que o bem triunfasse sobre o mal, ou seja: o parque dava poder ao visitante.
Para atingir efeitos cinematográficos, Walt havia manipulado as dimensões do parque, já que foi construído em escala de cinco oitavos. A Rua Principal foi projetada para ser uma miniaturização inteligente, onde os andares mais baixos, das lojas, eram um pouco mais altos que o segundo andar, que por sua vez era mais alto que o terceiro andar. A escala dos objetos varia de acordo com o que são e onde estão, e a razão disso é psicológica. O tamanho modificado tornava a própria rua um brinquedo, além de trazer um sentimento de nostalgia pela associação que temos com o nosso passado, quando retornamos a algum lugar que costumávamos ir quando pequenos, e este lugar se torna menor. E também usando esta variação na escala, faz com que o parque se torne mais convidativo e acessível, as pessoas teriam a sensação de estar acima dos edifícios.
John Hench, que ajudou a desenhar o parque, trouxe dos filmes para a Disneyland a sensação de dissolução entre uma cena e outra, onde uma cena vai desaparecendo aos poucos na tela e a nova tomada vai ganhando vida. Assim, os parques Disney tem uma dissolução gradual quando se passa de um lugar para outro (entre as Terras, por exemplo). Walt também exigiu que a textura na pavimentação das terras fosse modificada quando se encontrassem, porque ele queria que os visitantes pudessem saber que haviam deixado a Terra da Fantasia, por exemplo, e chegado a Terra do Amanhã pela sola dos pés. Além disso, esse recurso mantinha a experiencia fluida e organica, com um fluxo sensorial completo entre um passeio e outro. A própria arquitetura sinaliza o caminho e produz as experiencias.
A execução!
Walt Disney queria que pessoas que não tivessem nenhuma experiencia com parques de diversões na execução do projeto, porque não desejava que os envolvidos tivessem influencias, queria implantar um parque totalmente novo. Para isso chamou para ser seu Diretor Geral do projeto um jovem de 33 anos de Oklahoma, que havia trabalhado na engenharia de aviões no período da Guerra, C.V.Wood (Woody, Toy Story? Será?). Foi contratado também um engenheiro de estruturas para desenhar os prédios e trabalhar nas fundações e esqueletos da arquitetura antes que os detalhes estivessem finalizados. Começaram a trabalhar em 12 de julho de 1954, com o prazo de terminar a obra em um ano para a inauguração do parque.
O solo de Anaheim era bastante arenoso, e um solo de argila teve que ser trazido para o terreno, além de inúmeros percalços como greves, chuvas. Mesmo assim Walt participava diariamente da construção, andando por todos os lugares, adaptando in loco os lugares desenhados para que, pessoalmente, ficasse do jeito que imaginou. Isso significava aumentar lagos, criar pontes, mudar de lugar os trilhos do trem. E Walt parava em algum lugar e dizia: “Preciso de uma selva aqui”, “Preciso de um sabor alpino para um passeio no céu” – é… e eu achando que meus clientes não me explicavam bem o que queriam… hehehe. Walt chegou ao absurdo de pedir para que “fizesse nevar” na Rua Principal, o que não pode ser atendido… Embora há alguns anos atrás eu tenha ido na Disneyland Paris e um dos cenários tinha neve de verdade!!!
Mesmo depois de tres mil trabalhadores tendo feito todo o trabalho de construir a Disneyland em um ano, o trabalho de Walt ainda não havia terminado mesmo as vesperas de abrir o parque. Na noite anterior a inauguração, e já tendo testado pessoalmente todas as atrações, Walt Disney teve a ideia de pegar um gigantesco polvo de borracha usado no filme 20 mil Léguas Submarinas e expo-lo no parque. O problema era que a pele de látex do polvo havia se deteriorado, e teve que ser restaurada e pintada. Ken Anderson que desenhou as miniaturas da Disneyland, com dois outros membros do grupo começaram a restaurar o polvo e então, Walt apareceu e ajudou a pintar com spray durante a noite inteira e de lá passou em casa, se vestiu e foi buscar no aeroporto os arrendatários que estavam lá para homenageá-lo. Walt estava calmo, confiante.
Manutenção do projeto…
Para quem já participou de qualquer experiencia Disney, seja evento, ida ao parque, cruzeiro, etc.. a mágica que envolve essa marca Walt Disney é indescritível. Tenho amigas, mães dos amiguinhos da Manu, minha filha que como eu, são fiéis ao padrão Disney (hellow FIFA, queremos padrão Disney!!). Porque o que foi implantado há quase 100 anos atrás, pessoalmente por Walt Disney, ainda em salas alugadas e vendendo tirinhas de desenho animado nos anos 1920, se tornou raiz consolidada no Grupo.
Na Disneyland, os empregados foram treinados pelo que Walt institucionalizou de Universidade Disney, onde eles aprenderiam suas funções. Mantendo a ideia de que aquilo era um cenário e não apenas um parque, os funcionários faziam participações, como papéis em filmes. Os bilheteiros, os operadores dos brinquedos, vendedores das lojas, todos tinham que seguir a atuação de serem alegres, com boa apresentação. E isso se mantem até os dias de hoje.
O parque foi aberto dia 17 de julho de 1955, após Walt promover dois eventos de preview, um familiar (quando celebrou 30 anos de casado com Lilian Disney) e outro para a rede de TV ABC. A inauguração não saiu como planejado, porque 15 mil convites foram impressos e distribuídos, mas o número de falsificações chegou a mais de 10 mil ingressos. De qualquer maneira a transmissão foi vista por 70 milhões de americanos e Walt disse que achava que todos que estavam presentes neste dia se sentiriam orgulhosos por estarem lá, assim como quem esteve na inauguração da Torre Eiffel.
Por fim, Walt Disney quis que seu parque fosse organico, que nunca estivesse concluído, sempre poderia melhorar, mudar, expandir… Walt gostava de dizer que o parque nunca seria terminado, e desde então não foi… No dia de sua abertura eram 18 atrações oferecidas… Hoje são mais de 60 atrações em Los Angeles!!
DisneyLand se tornou um sucesso absoluto e recebeu em menos de dois anos e meio, mais de dez milhões de visitantes, superando o Grand Canyon como atração turística nos Estados Unidos.
” Se voce pode sonhar… Voce pode fazer!!!”
Walt Disney
Por Aline Araujo
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Olá! Você pode disponibilizar suas fontes e referências bibliográficas usadas nessa matéria? Obrigada!
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