Intervenções urbanas: a beleza das megalopolises
Nós aqui, na a’me arquitetura, amamos a Intervenção Urbana. Daí você pergunta: Aonde eu vou prá ver alguma? Você pode ver várias sem sair do conforto de sua cama ou sofá, lendo a nossa matéria ou sair de casa, andar pela cidade e, de repente, numa esquina se esbarrar com algum tipo desta arte de rua. É bom lembrar que intervenção urbana não é só grafitti, mas qualquer tipo de arte que seja aplicada a equipamentos e meios urbanos como calçadas, bancos públicos, caçambas, postes e aonde mais a criatividade permitir.
Intervenção Urbana é o termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos de grandes cidades. No início, um movimento underground que foi ganhando forma com o decorrer dos tempos, crescendo e se estruturando. Particulariza lugares e, por decupagem, recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas.
A arte de Intervenção Urbana consiste em uma interação com um objeto artístico previamente existente (um monumento, uma parede, um poste… e por ai vai ) ou com um espaço público, visando colocar em questão as percepções acerca do objeto artístico. São trabalhos notadamente voltados para uma experiência estética que procura produzir novas maneiras de perceber o cenário urbano e criar relações afetivas com a cidade.
Nem propaganda comercial, muito menos vandalismo, a arte urbana, ou street art, utiliza o espaço público como meio e transforma cidades em verdadeiras galerias de arte.
A intervenção artística tem ligações com a arte conceitual e muitas vezes inclui uma performance ou happening. Consiste em um desafio ou, no mínimo, um comentário sobre um objeto (eventualmente, um objeto artístico) preexistente, através de grafites, cartazes, cenas de teatro ao ar livre ou acréscimo de outros elementos plásticos, de forma a modificar o significado ou as expectativas do senso comum, quanto a esse objeto.
Por meio de graffiti, estêncil, cartaz, além de outros inúmeros tipos de intervenção, os artistas de rua dialogam com o ambiente por meio de suas obras, colocando uma dose de inquietação artística no dia-a-dia das pessoas.
Nesse contexto, a Intervenção Urbana introduz a premissa da arte como meio para questionar e transformar a vida urbana cotidiana. Os sujeitos são ativos e criadores e a realidade passa a ser não mais reproduzida e sim produzida.Tal como suas próprias inspirações citadas acima, a intervenção urbana retoma o questionamento e a lança ao espaço público incitando toda população à discussão ou algum tipo de açao
Um exemplo disso é esta campanha da New Zealand Breast Cancer Foundation, criada pela Colenso BBDO. O foco da ação que foi desenvolvida também para a TV, era de mostrar que no caso do câncer de mama, quanto mais tempo esperar para tomar as medidas, pior é. A ação realizada nas ruas de Auckland na Nova Zelândia, buscava sensibilizar as mulheres atentando para o câncer de mama, com infláveis que representavam a doença e impediam a passagem das pessoas, nos locais onde houve a intervenção.
A intervenção é sempre inusitada, realizada a céu aberto e por ter um caráter crítico, seja do ponto de vista ideológico, político ou social, referindo-se a aspectos da vida nos grandes centros urbanos. Mas as intervenções urbanas também podem ter outros alvos, como a marginalização da arte, problemas sociais, ambientais e outros.
No Brasil, surge no final de 1970, principalmente no território paulistano, grupos como 3nós3, Manga Rosa que buscavam uma forma de expressão artística que fossem além das curadorias dos museus, galerias ou qualquer forma tradicional de exposição, pois acreditavam que essas instituições trancafiam a arte, restringindo-a e a limitando a uma determinada classe social. Todavia, é possível citar outros artistas pioneiros tal como Flávio de Carvalho entre 1930 e 1950, Hélio Oiticica em 1960, e Paulo Bruscky e Cildo Meireles em 1970. Outro exemplo é Artur Barrio, que durante o período ditatorial brasileiro, conseguiu, através de intervenções, realizar diversas formas de protestos a partir de trouxas de pano ensanguentadas e com restos mortais de animais. Haviam também embrulhos com carnes e ossos foram também espalhados pelos bueiros da cidade. Tal ato gerou repercussão perante à mídia e população, que acreditavam que tais pacotes fossem de fatos cadáveres do regime. A prática da intervenção urbana ganhou muita força no Brasil a partir do final da década de 90. O Brasil atualmente conta com representantes de peso. Os Gêmeos Otávio e Gustavo Pandolfo, por exemplo. Irmãos grafiteiros com trabalhos nas ruas de São Paulo, Glasgow e Barcelona, entre outras. A página de Facebook Mineiro no Rio de Janeiro (https://www.facebook.com/mineironoriodejaneiro) registra e compila intervenções artísticas urbanas no Brasil e no mundo.
Um dos mais celebrados nomes do gênero é Banksy, artista inglês anônimo cujas obras já foram vistos nas ruas de Londres, no muro que separa Israel da Palestina, e no British Museum.
Outro é Blu. Artista italiano que preserva sua identidade, que tem obras em cidades tão diversas como Buenos Aires, Praga e Berlim, e que produz coisas impressionantes.
Tem o Invader, francês que organiza pequenos azulejos que formam personagens do antigo jogo Space Invaders em muros de Paris, Los Angeles e São Paulo.
Por Elena Korpusenko
Para quem quer apreciar a arte, segue os links:
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